Ela não queria admitir, mas toda vez que bebia
pensava em sacanagem acentuadamente, desinibidamente. Dançava pensando em sexo,
comia pensando em sexo, cantava pensando em sexo, fazia sexo pensando em sexo, mas não como uma ninfomaníaca
clichê que quer transar com desconhecidos, ela pensava em algo menos blasé, que
tivesse algum significado, algo menos deliberado. A possibilidade das casualidades, coisas menos
escancaradas surpreendia, nada de sair pra dançar e dar, isso soa historia de
adolescente querendo emoção pra contar no cursinho. A ideia de sair desajeitada
e alguém olhar com uma maldade desinteressada acudia suas noite na cama esfregando-se entre os travesseiros, procurando desviar por entre a
calcinha e pensar que existe alguém amoral o suficiente para perdoa-lhes os
devaneios. Não que isso fosse o maior sonho, afinal sua vida sexual não poderia
se resumir a encontros casuais e penetrações sem glória alguma, era apenas uma
forma de distração. Nada de descrever “aquele sexo túmido”, ou “aquela vulva”, nem que cotonasse um esforço em conduzir uma narrativa encharcada de
pretensões sexuais, e muito menos descontar sua falta de gozo em algum trauma
freudiano e todo aquele discurso acadêmico. O que ela queria era simplesmente gozar, por entre os lenções, por entre os peitos, por entre os rios de pensamentos que de dia e de noite passeava-lhe tripudiando as nádegas, exigindo que as mãos lhe tocassem e botasse pra fora toda a lascívia. O toque d'outro era fogo, causava ardência, inflamava e a fazia suar, como quem está de primeira viagem descobrindo a eterna e deliciosa fase fálica da qual ninguém escapará vivo. Não era esporte mas também não podia perder a esportividade. O apego seria totalmente imoral e inaceitável, pois perpetuaria um segundo encontro que poderia parar na sala de casa assistindo tv com as crianças, era perigosíssimo! Mas ela tinha de arriscar.
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