segunda-feira, 16 de setembro de 2013

In. verossímel

Que noite! O engasgo do choro.. Naquele hospital com cheiro de feto, entramos no primeiro consultório vazio rasgando desesperadamente as roupas um do outro para enfim meter e abocanhar qualquer orifício que coubesse uma língua ou um dedo. Jorrava sangue do nariz, enquanto isso os pacientes andavam tranquilamente pelos corredores ouvindo os gemidos que se fundiam ao dos gatos embrenhados nos corredores. A madrugada crescia quando ele empurrava vagarosamente, ficando-lhe cada vez mais forte com um fiozinho de dor o pau que entrava e saia em ritmo de uma dança assimétrica. Ao locupletar de sangue os corpos cavernosos enrijeciam e rosnavam querendo sair. Com um pálido gemido, os gatos silenciaram, as pernas adormeceram e o leite que não alimenta abortou a operação “povoar a terra”.

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