Eu tinha pendurado no varal
dois dedos de prosa e um de poesia
O vento intruso levou a prosa
Ficou a poesia na solidão
Meus murmúrios com as notícias
foram logo ficando pra dentro
Sim, pra dentro de mim que nada posso falar
Só sempre sentir, como quem engole a brisa pra sentir e leveza
E acaba pesando mais
Meu gigantismo é pura retórica
Fujo das mágoas e das pessoas
Igual diabo foge da cruz
Uma corrida rápida que logo cansa
Durmo feito criança babando no lençol
Sou menina nas horas vagas
Me embrulho nos dias de frio
Procuro no semblante de quem me entende
Um sorriso incalculável
Paro logo com essa síndrome de solidão
Saudades do tempo
em que amor era só mais uma palavra bonita e oca
Hoje nem traduzir e nem falar eu posso
Meu pobre, podre e pútrido coração
Já não exala canções tão bonitas
Como aquelas que lembram a Bossa Nova
Adorava o requinte com me expressava
Só pra parecer inteligente
Fuçava os livros, os poemas
Agora todos os autores já me parecem desgastantes
Flores e uma dose
Preciso e quero te reencontrar
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