segunda-feira, 2 de abril de 2012

O coração tem mais quartos que uma pensão de putas.

É difícil explicar a barbárie humana em tempos tão efêmeros, em que tudo se dissolve a cada nova criação, a ciência já não consegue definir tudo e muito menos explicar tudo. A única que consegue sobreviver em meio ao caos é o sentimento pela arte, a angústia do artista em meio aos terrenos infertéis. Pensando nisso,lembrei dos 5 livros que devorei do Gabriel Garcia Marquez em um mês e meio. O primeiro que li foi o fabuloso Cem anos de solidão, logo após veio o Do amor e outros demônios, Crônicas de uma morte anunciada, O amor nos tempos do cólera e Memórias de minhas putas tristes.
Este último tem um brilhantismo sempre digno de Marquez.
Eu não queria cair no clichê, mas... ta aí um trecho

"O médico me deu um sorriso de lástima. Vejo que o senhor é um filósofo, disse ele. Foi a primeira vez que pensei na minha idade em termos de velhice, mas não tardei a esquecer o assunto. E me acostumei a despertar cada dia com uma dor diferente que ia mudando de lugar e forma, à medida que passavam os anos. Ás vezes parecia ser uma garrotada da morte e no dia seguinte esfumava. Nessa época ouvi dizer que o primeiro sintoma da velhice é quando a gente começa a se parecer com o próprio pai. Devo estar condenado à juventude eterna, pensei então, porque meu perfil eqüino não se parecerá jamais ao caribenho cru que era meu pai, nem ao romano imperial de minha mãe. A verdade é que as primeiras mudanças são tão lentas que mal se notam, e a gente continua se vendo por dentro como sempre foi, mas de fora os outros reparam.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário