segunda-feira, 29 de abril de 2013

Nem tão perto

Preciso te dizer, eu já sabia. Não precisa ser mestre em adivinhações. Alguém que mora na roça sabe quando vai chover, ela vai juntando os fatos e depois: CABRUMMM! Chove. Não precisei que alguém contasse, não precisei ver nada, eu já sabia. Do que você está falando? Cadê os travessões de nossa conversa? Espera, isso tá estranho. Tem como começar de novo? A pontuação está me confundindo toda. Não, eu estou escrevendo pra dentro. Só me escuta. Quando sonhas, se é que sonhas, você se solta, solta toda essa aparência de agrados e mentiras, aí dentro é tudo podre. Você não chora, você não goza, você não ri. Mas em seus sonhos você faz tudo isso junto. Como eu sei? Instinto. Não acredita em instinto? Então como você explica eu conhecer tanto de você. A gente não vive junto, não dividimos lenções mas eu sei até quando sua respiração tá mais forte. Me calar? Não, não adianta espernear, você não está lendo isso, você não precisa saber que eu sei, mas eu sei. Senta aí, não se levante antes que eu termine, cospe no prato que comeu, engole o gozo que saiu. Não sinta tanto nojo, de tua boca já saiu coisa bem pior, mas fuja, como um  gato foge do banho, fuja petrificado de toda verdade que abala tua mente, não me venha com essa síndrome de Asperger, o que você tem é apenas tédio, cada dia mais blasé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário