sexta-feira, 29 de maio de 2015

Nós que nos amamos tanto



Algumas pessoas já  me perguntaram como está sendo a experiência de ser mãe, ou como é maravilhoso, ou pra dizer que eu iria pagar meus pecados, saber o que é bom pra "tosse" (eu ia ter um filho ou conhecer o Osama Bin Laden?!). Pois bem, estou aqui pra falar tudo o veio a mim  antes do daquilo que as pessoas chamam de dádiva: ser mãe. E se pra você, esse é um tema sonolento, já pode parar de ler.

1. Sobre ser mulher: pra falar de gravidez, primeiro é preciso falar o que é ser mulher em uma sociedade que prega que todas elas devem casar e procriar feito coelho e que as mulheres já nasceram destinadas somente a isto, Ledo engano, embora a reprodução seja natural entre os seres vivos, nem todas as mulheres sonham em casar e ter filhos. As que declaram não querer casar ou ser mãe são apedrejadas mentalmente (e em alguns casos fisicamente mesmo). O fato da mulher estar preparada biologicamente para ter filhos não significa que ela esteja preparada psicologicamente para isso. Felizmente, hoje em dia existem ainda muitas opções, responsabilidades e vontades antes de ter um filho e a mudança desses planos acarreta sérias mudanças psiquícas nas mulheres que, querendo ou não, é sempre a mais responsavél pela criança.

2. Sobre estar grávida: A concepção: era noite e estavamos chegando em casa... (vocês acham mesmo que eu ia contar isso? ha ha). Lembro como se fosse hoje o dia em que descobri que estava grávida  (30/12/2013), foi um choque, chorei muito e o que posso dizer é que não foi de alegria (grupo das mãezonas com mimimi em 3,2,1), foi de um tremendo susto, um soco no estômago e entrei em estado de letargia por longos 3 meses enquanto sofria muito com enjôos intermináveis (isso quase acabou com minha pouca sanidade). Talvez o que poucos sabem é que gravidez não tem magia nenhuma (quer magia assista filmes da Disney), tem muita dor, muito incômodo, muito choro por nada (ou por tudo). Só caiu a ficha sobre as consequências que eu teria de enfrentar com essa nova vida após o primeiro trimestre quando eu voltei a vida real. Foi nesse período em que tive uma crise muito forte de "eu não vou conseguir, eu não sei cuidar nem de mim, como vou fazer mestrado, doutorado, Phd, produzir um filme independente, escrever um livro, mudar o mundo, ir pra Cuba, botar a culpa no PT?!". Passei mais longos 3 meses refletindo sobre essas mudanças, achando que o mundo havia acabado pra mim, que jamais poderia realizar meus sonhos (os mais mesquinhos possíveis). Fui ter paz de espírito apenas no último trimestre quando aprendi a remanejar minha vida, redescobri a vida, comecei a fazer planos à 3.

3. Sobre o nascimento e os dias que se seguem: O nascimento foi outra situação que não foi tão mágico assim (foi emocionante, mas não nessa magia que todos pensam). Primeiro porque eu estava extremamente cansada de ajeitar os últimos detalhes, segundo pelo medo da cirurgia (de não sobreviver, de esquecerem um bisturi dentro de mim, de roubarem meus orgãos pra vender no mercado afro [drama queen]). Quando vi George a primeira vez eu quase chorei, parecia que ainda não acreditava que ia ser mãe, so acreditei quando vi aquele rostinho magrinho e indefeso com o choro "miúdo" e ralo que logo cessou. Quando saí da sala de cirurgia me sentia tão estranha, sabendo que haveria uma nova jornada em que meu próprio umbigo não seria mais o foco, nem meu nem de ninguém. Durante as duas primeiras semanas em casa o estranhamento foi grande, afinal era uma pessoa diferente em minha casa, dormindo em meu quarto convivendo e dependendo de mim pra tudo. Eu não sabia quem estava mais assustado, se George que não conseguia mamar direito, ou se eu que tinha medo de não saber me virar. Acontece que, ao me tornar íntima do meu filho, o medo foi passando, o relacionamento foi sendo construído passo a passo tal qual um casamento, em que um vai aprendendo com o outro. Não é esse "NASCEU , AMOU". Pelo menos não comigo, cada dia era um passo mais próximo desse amor de mãe que todos diziam que eu so entenderia no dia em que me tornar-se mãe, pois bem, tornei-me mãe e posso afirmar agora com todas as palavras: É MARAVILHOSO! é indescritível ver e acompanhar cada aprendizado, curar cada ferida, ninar cada noite, cansar e amar mais ainda quando dorme (sim, o melhor de ser mãe é ver seu filho dormir e sussurrar UFA. Só as mães são felizes!!!!

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