sábado, 9 de julho de 2011

Eu é quem não sou.

Eu não sou nada inovadora
Eu sou os livros que leio
Eu sou os filmes que vejo
Eu sou as músicas que escuto
Eu sou aquele meu autor favorito
aquela música que escuto repetidamente
aquele ator que me encanta
Eu sou o meu exame de fezes e urina esporádico
eu sou o papel higiénico que uso
eu sou o suor escorrendo pela espinha na cidade quente
eu sou a lama da chuva do carro de um mau educado passando rápido
Eu sou a falsidade de um meio riso
Eu sou  a copia imperfeita dos meus pais
Eu sou a rispidez do meu pai
Eu sou a emotividade da minha mãe
Eu sou a labuta diária do amanhecer
Eu sou a pus da espinha que nasce em mim
Eu sou a pele ressecada pelo clima 
Eu sou o vomito da ressaca
eu sou o outro dia que nasce após os desastres
eu sou a deficiência física e mental
eu sou os pulsos latejantes das meninas que choram
eu sou o campo triste e devastado pelo homem
eu sou a cumpridora de promessas mal feitas
eu sou a gerenciadora do meu próprio sofrimento
eu sou a cria que não deu certo
eu sou a fruta do pomar caseiro
eu sou o meu próprio umbigo
eu sou o sorriso estupido de uma insensatez
sou o arrependimento da entrega dos sentimentos
eu sou, eu poderia ter sido
eu sofro a tragédia diária de ser humana

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