sábado, 27 de junho de 2009

Que me desculpem o roubo...

Em seus escritos e falas, Habermas se porta como se fosse um “ateu metodológico”, isto é, quando ele faz filosofia ou ciência social, nada presume sobre crenças religiosas particulares. Mesmo assim, Habermas afirmou: “Para a autocompreensão da modernidade, o cristianismo tem funcionado mais do que apenas um precursor ou catalisador. A igualdade universalista, da qual surgiram os ideais de liberdade e vida coletiva em solidariedade, a conduta autônoma da vida e da emancipação, a moralidade individual da consciência, os direitos humanos e a democracia, é o legado direto da ética judaica de justiça e da ética cristã do amor. Esse legado, substancialmente não modificado, tem sido o objeto de uma contínua reapropriação e reinterpretação críticas. Até hoje não há alternativa para ela. E à luz dos atuais desafios de uma constelação pós-nacional, devemos tirar sustento agora, como no passado, dessa substância. Tudo o mais é conversa pós-moderna inútil” (Jurgen Habermas, Religion and Rationality: Essays on Reason, God, and Modernity, MIT Press, 2002, p. 149).

É curioso notar a reação de certos ateus quando escrevo textos apologéticos em sites como o Observatório da Imprensa. Esses ateus, para serem coerentes, deveriam abrir mão de tudo de bom que a visão de mundo judaico-cristã trouxe para a humanidade. Quem advoga um aspecto e rejeita o outro, encontra-se numa situação existencial conflituosa e paradoxal: combate a base que sustenta a sua liberdade de não aceitar a Deus e de viver sob a ótica do Livro Sagrado.

A propósito, considerei bastante apropriado o comentário de Marco Dourado, de Curitiba: "Ao aderir ao teísmo, o filósofo Antony Flew deixou claro que não acredita em vida pós-morte e que sua decisão não resultou de experiência metafísica, mas de conclusões derivadas de 50 anos de debate objetivo e imparcial com eminentes ateus e religiosos. Sartre dizia que, teístas ou ateístas, não possuímos crenças; elas nos possuem. O mérito de Flew foi romper esse paradigma. Então por que seus argumentos inatacáveis não tocam a maioria dos ateus? Explico com um paralelo: durante 90 anos o povo judeu vem desconstruindo o nefando pastiche Os Protocolos dos Sábios de Sião. Debalde. Por que aquela infâmia apócrifa continua alimentando o antissemitismo? Porque, na verdade, o antissemitismo é que empresta credibilidade à farsa odiosa. À verdade, celerados sempre preferem o ódio. De igual modo, irreligiosos nunca sequer aceitarão ponderar os argumentos a favor de Deus e da veracidade das Escrituras. Odeiam-nO; que se danem Ele e Seus seguidores! O ateu apaixonado embasa sua sapiência no mito do avestruz. Destrata o oponente com adjetivações juvenis. Fuça a lixeira da História à cata de chavões refugados. Abusa de generalizações injustas. Isso mais parece uma paliçada mental de quem já queimou as caravelas e teme mais que a morte a ideia de estar errado. Mas, creiam-me, irmãos ateus: esperança ainda há. Ainda. Afinal, pra ser ateu basta estar vivo. E pra deixar de ser, também."

texto retirado do blog CRIACIONISMO

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