domingo, 17 de outubro de 2010
As nadegas, estranhamente sentadas
na poltrona quente de ainda outras nadegas
Apos acomodar-se entre um braço e outro
Um corpo rígido, que não é o do computador
um corpo novo, cheio de carne, por dentro e entre os dentes
A pelugem quase rala de uma semi-depilação
Cabelos molhados de um ainda recente banho
Unha encravada de um vermelho desbotado e roído pela ânsia da noite anterior
Uma ligação rápida a cobrar de um orelhão qualquer
Um guardanapo sujo de batom vermelho pra combinar com o esmalte
Uma flor no jarro ao lado, uma artificial que é pra nao dar trabalho
Uma sms enviada, sem resposta
Ao som de "uh ,eu quero você como eu quero", e atrás uma voz gritando "Toca Raul", e a banda era justamente a da música "Eu não toco Raul"
Mas a maior das contradições era o soluço, no meio da lanchonete barata, com copos descartáveis e a sensação da vida também descartável
Como se pudéssemos joga-la em qualquer lixo , com dizeres recicláveis
A nadega que ja fora de alguem , não é descartável
o guardanapo e o batom, talvez sejam
Um bordado não percebido na blusa, fora feito outrora com alto poder simbólico
acima do seio esquerdo, onde era leito dele
Onde fazia seu frio mais congelante se tranformar em calor
A roupa se desbotara com o tempo, com a lavagem e o constante uso
mas o bordado estava ali, lembrando do seu poder, de memória
ela mesma quem costurou, pra que se lembrasse, não apenas de cada espetada em seu dedo, mas de como demorou pra terminar, que as vezes se feriu
Mas que agora, o tecido poderia se rasgar todo, e até o símbolo se esvair, mas ela quem tinha criado aquilo, não para os outros entenderem, mas pra que ela se identificasse e continuasse sonhando em poder bordar mais, sem entendimentos possíveis, mas com todas as lembranças
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