domingo, 24 de outubro de 2010


Naquele dia que mais parecia noite, eu assistia tv, alias, eu olhava a tv que mais parecia estar desligada ou eu quem estava,as cores haviam sumido, o audio também.Eu parecia entorpecida com alguma coisa que ainda não tinha conhecimento, que me calou por longas horas, não era tristeza, não era dor, não era alegria, era apenas quietude, mas não tranquilidade.Meu semblante demonstrava uma preocupação de quem está prestes a perder algo muito importante.O que ou quem eu deveria salvar senao a mim mesma? O sol que entrava pela janela atingia em cheio meu rosto que não parecia se incomodar com mais nada.A campainha tocou insistentemente três vezes seguida, e eu como quem está desmaiada fingi não escutar.Não estava disposta a fazer sala à ninguém, conversar sobre homens, filhos, doenças da atualidade, novas pandemias, antigas ilusões, parecia realmente que era perda de tempo falar sobre isso, não que minhas idéias fossem mais importantes, mas simplesmente não me parecia nada interessante.As notícias desabando nos jornais, assassinatos, terremotos, eu aqui afundando no sofá.Sem motivos óbvios eu pude enchergar que nada mais me animava.Nem saídas com amigos, noites alcolicas, namorados, ficantes, chuva, sol, qualquer coisa parecida com uma brisa.Eu parecia que estava em estado vegetativo, só que a medíocre diferença de que eu podia andar, falar, escutar, pensar, e pensava em tudo aquilo que me rodeava e pensava o qual inútil aquilo tudo parecia ser.Não era vontade de morrer, de me matar, me jogar de algum lugar que não houvesse chances de sobreviver, meu ego sempre me ajudara bastante todos esses anos, mas a graça e a beleza da vida se esvaiu, se pôs como um pôr-do-sol mal sucedido, se é que alguma vez o sol se põs de forma não tao bela, eu sempre reparei o quanto ele fica lindo quando se vai, mas a sensação de sombriedade sempre me deixou meio frustrada.A noite sempre serviu de cenário para os apaixonados, com ventos soprando na madrugada fria e corpos entrelaçados, conjugando-se em qualquer lugar que possa compactor dois amores de forma aconchegante, mas a partida do sol muitas vezes me incomodou, o que me confortava era saber que ele voltaria, independente desses casais rezarem para que a noite não acabe, ele sempre volta.Talvez um dia eu reze ou faça preces para que o sol demore mais que o normal.Mas, nesse dia em casa eu parecia não me importar se fazia dia ou noite, frio ou calor, minhas sensações foram diminuidas,era saudade perpetua que me deixava assim tão inerte, eu não poderia explicar de outra forma, que me deixava inquieta por dentro e quieta por fora.

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