segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Já estava amanhecendo quando ele me ligou, com aquela voz rouca de quem tambem acabara de acordar, também soava estranho, não me ligava nem em datas festivas, e essa hora da manha ligando pra perguntar como eu estava, que havia sonhado comigo a noite toda, despencando de um precipício toda de vermelho, e estava rindo.Ele meio que riu também contando, essas maluquices de lençol, primeiro achei que fosse uma dessas poluções noturnas de um mês ou mais na seca, mas depois da inclusão do precipício até achei estranho, eu não sou daquelas interpretadoras de sonhos, que acha que todos tem um significado, "sonhar com cobras é isso" , "com baratas, aquilo".E o mais engraçado do sonho não é nem a altura, é que eu caí em pé, como se fosse o 'pulo do gato', onde não há machucados nem arranhões.É, ele realmente falava sobre sonhos, então disse que mais tarde me veria e voltou a dormir, com o celular ligado, eu escutava uma música ao fundo, porém nao consegui detectar o cantor, parecia ser voz de homem.Fui ao banheiro ver como e quao fundo estavam meus olhos após uma noite mal dormida com vizinhos noturnos com péssimo gosto musical, fui ver o que tinha na geladeira, parecia boate "só luz e fumaça", e o dinheiro do pão foi pra aspirina na noite anterior, o jeito era sair, procurar a boia na casa de uma amiga, mas ao me deparar no espelho senti uma tontura parecia que estava caindo realmente,uma dor, um medo de cair, de desabar sozinha no apartamento e ser achada morta após dias , com aquele odor de gente morta e gelada, de antes disso não achar ninguem pra dizer que amava, de não ver um rosto amigo antes do último suspiro, e corri, me vesti e saí correndo bati na porta do vizinho do 65 e inventei que precisava de ajuda com uma torneira ( a torneira realmente havia quebrado há meses, mas pensei que nunca consertaria) , o vizinho era um senhor de seus 63 anos, que não se onde raios surgiu a idéia de chama-lo, já que ele sempre não passava do 'bom dia' comigo, porém ele foi prestativo e ajeitou quase que milagrosamente a torneira (ou nem tão milagrosamente assim, meus dotes de encanadora que eram escassos mesmo).Então agradeci e disse que poderia lhe dar algum trocado mais tarde, porém graças a Deus ele dispensou, pois eu não teria de onde tirar tal trocado.Então quando ele foi embora, senti novamente aquele vazio.Porque todo mundo sente a necessidade de ir embora, uma hora tem de partir, acho que esse era o tal precipício da ligação, de muita gente que vai e diz que vai voltar, ou diz que não volta, ou volta outra pessoa, ou simplesmente não avisa, e fica aquele vázio, como ter medo de pular, por mais fundo que seja, as vezes é sempre bom pular, eu caí feito o pulo do gato, pelo vestido vermelho eu devia estar de salto alto, e consegui ficar em pé.Bem, o vermelho eu não sei bem o que significa, aliás, como eu disse, não sou de interpretar sonhos.
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