Nada lhe interessava, nem mesmo o sexo. Odiava música, qualquer tipo. Na verdade não suportava o barulho, enquadrava os seres humanos como incompletos, como se a evolução não tivesse terminada e a música como uma tentativa frustrada de auto-afirmação humana. Pensava na incompletude das coisas. Odiava os livros, pois temia sentir saudades dos personagens e odiava a saudade também. Nunca havia beijado, gozava só em suas poluções noturnas, e também não gostava de acordar sujo. Estudou só até a quinta-série pois odiava ter de decorar as coisas, odiava ter amizades porque não gostava de encontros que durassem mais de 5 minutos. Odiava pensar na morte, pois odiava pensar em sua mãe chorando por ele. Pensava em ir embora para as montanhas e viver como um ermitão, mas odiava rótulos. Só havia uma coisa de que gostava, do seu próprio umbigo, lhe parecia tão diferente de tudo que conhecia, todas as dúvidas se dissiparam no dia que percebeu a aura envolta dele, era impreciso e inchado, não cabia em si. Era só disso que ele precisava, de seu próprio umbigo.
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