Ele sempre acordava cedo todas as manhãs, não tomava café pois fazia mal, não consumia açúcar, não bebia, não fumava, sexo só com camisinha. Era o mais pontual da firma, nunca deixou de votar, assistia aos horários eleitorais, debatia sobre política, dominava a retórica como ninguém. Só tinha um defeito, escutava suas músicas prediletas no último volume e relutava quando indicavam o uso de fones de ouvido , considerava um insulto à sua liberdade de expressão. Foram dois tiros secos que ecoaram pelos apartamentos daquele prédio, o homem que gostava da música alta já não escutava nada mais. O autor dos disparos ria e vociferava: vai escutar música alta lá na casa do caralho. Logo após ele pensou que o silêncio lhe incomodava e desceu um tio certeiro em sua própria cabeça. Diagnosticaram o homicida-suicida como louco. Ele que era louco?
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